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Ar Fresco

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Em 2005... (balanço possível)

... a personalidade mais elogiada foi Sócrates. De facto, o Governo foi a figura deste ano que passou. Após uma vitória esperada sobre um Santana já combalido de todos os combates anteriores, incluindo o com Sampaio, o Governo não teve as tréguas de que necessitava para a imposição da sua agenda.

Não teve tréguas por duas razões: ora porque cometeu erros, ora porque as medidas apesar de boas eram impopulares. Por outro lado, as medidas nunca foram bem explicadas aos portugueses. O Governo tem um défice de comunicação, que se observa muitas vezes numa imposição, quase arrogante, das decisões do executivo.

No ano de 2005 assistiu-se a uma mudança no conceito de eleições e campanhas (uma questão de marketing político). Passou-se da já ultrapassada "discussão de ideias" para o conceito de falar o mínimo possível, para evitar erros. Aconteceu com Sócrates e acontece agora com Cavaco e os resultados irão comprovar ambas as vitórias. Também, nos dois casos, partiram ambos com larga vantagem para os momentos eleitorais.

Foi também o ano dos candidatos "independentes", em rotura com os partidos de origem. Alegre não pode ser incluído nesse pacote, mas é também em rotura com o seu partido que avança. Nas autárquicas, comprovou-se a tese de que "desde que o meu autarca faça a minha terra avançar e a mediatize" não interessa o seu currículo criminal, mesmo que tal se refira a abuso de poder ou usurpação de bens da comunidade. O populismo venceu em quase todos estes concelhos.

O ano que passou ficará também marcado pelo ano em que a Esquerda liquidou as aspirações de eleger um presidente. Se a estratégia de dividir para conseguir franjas diferentes do eleitorado parecia inteligente, os constantes ataques pessoais e inter-candidaturas tem descredibilizado as candidaturas e desmotivado o eleitorado, vem aí certamente a abstenção.

(continua)